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UNIVERSAL, DESENHO AMBICIONA TORNAR-SE MARCO NA PAISAGEM

Ocupada pela sede brasileira do grupo Santander, a Torre São Paulo é o primeiro edifício finalizado do WTJK, complexo que está em implantação no Itaim Bibi, zona sul da capital paulista, a partir de projeto do escritório Arquitectonica.
O prédio tem desenho universal, avalia o autor, o arquiteto Bernardo Fort-Brescia, e poderia tanto estar nos Estados Unidos como na Ásia.
O empreendedor, por sua vez, pretende torná-lo um marco na paisagem da maior cidade do país. Numa cidade como São Paulo, onde a paisagem natural não é exuberante, os edifícios tentam ocupar essa lacuna e se tornar referenciais urbanos - para o bem ou para o mal, são lançados ao posto, na maioria das vezes, por eleição espontânea da sociedade. Um dos novos pretendentes a essa condição é a Torre São Paulo, moderno edifício de escritórios construído na avenida Presidente Juscelino Kubitschek, junto à marginal do Pinheiros, no Itaim Bibi.
A edificação tem passado conturbado por diversos projetos e empreendedores diferentes. A proposta afinal executada é do escritório Arquitectonica, liderado pelo arquiteto Bernardo Fort-Brescia, sediado em Miami e com uma filial brasileira, dirigida por Washington Fiuza. Foi Fort-Brescia quem deu à torre (e aos outros componentes do empreendimento) a plástica com a qual a cidade vai conviver.
O diretor do Arquitectonica em São Paulo afirma que o projeto deve ser analisado na íntegra, que, na forma como foi idealizado, é um organismo único. Portanto, insiste Fiuza, é essencial observar a perspectiva eletrônica em que aparecem os demais componentes do complexo.
O envolvimento do Arquitectonica com o WTJK ocorreu depois de a WTorre adquirir o lote onde estavam alguns esqueletos de concreto idealizados na metade da década de 1980 para sediar a Eletropaulo, à época a estatal responsável pela distribuição de energia no estado.
A WTorre já começara a desmontar um deles, conforme definido em projeto do escritório E do Rocha Espaços Corporativos, quando, segundo o relato de Fiuza, o presidente da empreendedora, Walter Torre, solicitou ao Arquitectonica proposta que incluísse o aproveitamento de todo o lote.
"Em oito dias apresentamos o projeto", assegura Fiuza. Além do edifício batizado de Torre São Paulo, o estudo propunha a implantação de dois outros prédios corporativos (todos visualmente semelhantes) agregados a um shopping center.
O empreendimento, avalia Fort-Brescia, poderia estar em qualquer lugar do mundo. "O centro comercial e empresarial apresenta componentes encontrados em Hong Kong ou nos Estados Unidos", ele argumenta.
A solução plástica da Torre São Paulo poderia ter sido adotada, por exemplo, em Wall Street, diz. O desenho arquitetônico de linguagem internacional, vinculada ao mundo capitalista, tem no entanto um elemento atípico, em função do aproveitamento da estrutura existente.
A edificação foi fragmentada em quatro partes. O recuo e a mudança de tom dos vidros entre elas induzem à aparência de quatro esguias torres interligadas pela face interna.
Esse recorte na fachada, segundo Fort-Brescia, acentua as linhas verticais - que fazem o edifício parecer ainda mais alto - e dilui a grande massa construída, dada a extensão das lajes.
Praticamente não existem marcações que distingam base e corpo ou que definam os andares da torre. O corte chanfrado no coroamento - no centro do qual está um heliponto - dá caráter à composição.
No que se refere às instalações, o projeto dotou o prédio de equipamentos modernos e adotou procedimentos para habilitá-lo a pleitear a certificação Leed na categoria Gold. Vidros, iluminação, elevadores e ar-condicionado, por exemplo, foram especificados tendo em vista esse objetivo.

Piratininga Arquitetos: Itaú, São Paulo

Transformar um subsolo pouco atrativo à permanência em espaço acolhedor de formas variadas de trabalho - individual, em equipe, focado, descontraído - foi o objetivo do projeto do Piratininga Arquitetos para instituição financeira sediada em São Paulo. Zonas de relaxamento, posicionadas em pontos estratégicos da planta, e recursos de biofilia e bem estar (físico, emocional, cognitivo e espiritual) foram acionados pelos arquitetos a fim de estimular o desempenho de um trabalho estressante: o de resolução de questões estratégicas.

Morning Dew
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Shake It
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Localizado em um amplo campus institucional onde parte significativa dos pavimentos de acesso, facilidades e socialização dos funcionários são subterrâneos – ora em contato direto com áreas abertas escalonadas, ora voltados para fossos de ventilação e aeração com larguras da ordem de cinco metros e tratamento paisagístico das contenções -, o projeto desta área de treinamento e trabalho de imersão de tradicional empresa financeira sediada em São Paulo está localizado no segundo subsolo de terreno da zona sul da cidade.

No local, existia antes um escritório que tinha passado pela interferência, em 2018, de projeto concebido pelo Piratininga Arquitetos, mas que posteriormente veio a abrigar o embrião de um ambiente colaborativo de dinâmicas de grupo. A fim de potencializar o novo uso, sob os preceitos da arquitetura contemporânea corporativa, é que os arquitetos paulistas foram contratados para desenvolver esse outro projeto, incidente em toda a metade do pavimento voltada para o recuo externo. Há um eixo longitudinal que organiza o layout, seccionado por uma parede corta-fogo no meio do caminho, cuja manutenção foi determinada pelo Corpo de Bombeiros. Ainda que a imposição tenha afetado o plano dos arquitetos de criar um elo de contínua ligação entre as partes do programa, serviu para a sua setorização funcional: de um lado e do outro do anteparo, assim, há uma zona preparada para receber adicionalmente o público externo e outra exclusiva para as equipes internas dedicadas ao tema do projeto. Mas o espaço – suas salas de reunião e para o descanso ou trabalho colaborativo – é também disponível aos demais funcionários do campus que, na época do desenvolvimento do projeto, eram 12 mil pessoas.

Grande parte dos ambientes são salas de reunião e de trabalho focado em grupos que, na sua conformação unitária – sem a integração com salas adjacentes -, acomodam de seis a dez pessoas. Na ala de acesso restrita aos funcionários há duplas e trio de salas, distanciadas entre si e ladeadas por corredores como numa conformação urbana, de ruas e quarteirões, enquanto que na outra ala a disposição dos corredores converge para o confortável espaço de convívio junto da fachada. A ele, e ao ambiente de entrada a partir do túnel, soma-se o espaço colaborativo posicionado na extremidade do corredor longitudinal vizinha a uma escada secundária de acesso, tendo-se o trio de áreas de descompressão nas pontas do layout – também a copa, central, desempenha semelhante papel.

Toda a circulação possui piso vinílico, enquanto que o revestimento do chão das salas é com carpete, ao que se juntam os septos superior e inferior a favor do isolamento acústico do pavimento. Há salas vedadas com vidro duplo, acústico, e outras contornadas com cortinas (aonde atuam as equipes em imersão) ou com paredes escrevíveis (presentes em outros pontos do projeto), assim como paredes de gesso acartonado e outras retráteis, dividindo as salas. Na zona aberta ao público externo, as salas podem ser remanejadas a fim de se organizarem como pequenos auditórios. A escolha do mobiliário foi pautada pelo item conforto – “para se sentir em casa”, salientam os arquitetos, que lêem no aumento do uso espontâneo do espaço pelos funcionários – antes, não motivados a trabalharem no local – a comprovação, pelo usuário, da eficácia do seu projeto. Há outros em curso para a mesma instituição, inclusive de uma torre corporativa, no mesmo campus, onde na macroescala os arquitetos estão colocando em prática as suas pesquisas sobre o futuro dos espaços de trabalho corporativo. (Por Evelise Grunow)

Ficha Técnica
Local São Paulo (SP)
Início do projeto 2019
Conclusão da obra 2020
Área de implantação 1.359 m2
Arquitetura Piratininga Arquitetos Associados - Marcos Aldrighi, Cinthia Verçosa, Karolina Carloni (autores); Amábile Oliveira, Dayane Magalhães, Júlia Brückmann, Luísa Pardo (equipe); Daniela Mello, Fabio Santos (detalhamento de marcenaria)
Acústica Harmonia
Áudio, vídeo, automação, incêndio Bettoni
Climatização EPT Engenharia
Elétrica, hidráulica, proteção contra incêndio MGE
Iluminação Foco
Construção Tetrabase
Fotos Nelson Kon